Apoio das Instituições de Ensino motiva estudantes atletas em sua jornada esportiva
Do outro lado do país, em Santa Catarina, a situação é parecida. João Pravato, 21, jogador de vôlei e estudante da UNOESC – SC, conta que o amparo da universidade e dos professores estimula o time a continuar competindo. “Eu e um colega tivemos proposta para jogarmos a Superliga. Porém, quando colocamos na balança a questão da universidade, o semestre, decidimos ficar em Chapecó”, relembra. Para ele, o apoio dos professores e coordenadores influenciou na decisão.

O estudante explica que os atletas do time de vôlei têm bolsa integral na universidade, mas que, muitas vezes, o auxílio financeiro da instituição não contempla 100% das necessidades esportivas. “Ano passado o técnico cogitou o Sul-americano (universitário) com a instituição, mas não havia verbas”, afirma João Pravato. Ainda assim, para ele, o incentivo ao esporte que a instituição demonstra já reflete na motivação deles. “Os professores nos apoiam e sempre estão interessados nos jogos”, diz.
Porém, a realidade do João é diferente da de muitos outros atletas universitários. De acordo com a pesquisa feita pelo perfil da CBDU no Instagram, 93% dos votantes apontaram como importante o apoio dos professores, enquanto apenas 41% deles disseram ter efetivamente esse apoio. Cynthya Gomes, 23, é estudante de Educação Física na UFG e relatou a falta de apoio dos professores do curso, que não abonam as faltas dos atletas que participam de competições oficiais.
Em entrevista, Alexandre Rezende, Diretor de Esporte e Atividades Comunitárias da Universidade de Brasília (UNB), apresenta uma realidade parecida com a vivenciada por Cynthya. Ele declara que como ainda não existe um documento que normatize a dupla carreira de um estudante, como acadêmico e esportista, há divergências quanto a interpretação das situações vividas. “Temos muitos professores que não reconhecem a atividade esportiva como parte do envolvimento do aluno com a universidade, e em função disso se recusam a dar provas substitutivas, a abonar algumas faltas”, descreve.
Na visão de Alexandre, o cenário afeta diretamente o atleta universitário, que muitas vezes precisa escolher entre a vida acadêmica e a esportiva. “Quando isso acontece normalmente o que a gente vê são os estudantes optando pela carreira acadêmica e deixando de lado o esporte. As vezes até precocemente por essa falta de sensibilidade”, explica.
Para Alexandre, tendo em vista a dupla carreira do atleta universitário, o grande desafio das universidades é dar oportunidade para que os estudantes alcancem a excelência esportiva e acadêmica, possibilitando o alto rendimento em ambas as esferas.