Esporte e educação: a trajetória da ex atleta universitária Emanuela Marques

A ligação da brasiliense Emanuela Marques Ferreira do Carmo, a Manu, com o esporte universitário ultrapassa as linhas do campo. Foi graças a ele que a ex atleta universitária de futebol pôde fazer faculdade na União Pioneira de Integração Social (UPIS), em Brasília, e se graduar em contabilidade. “Na minha história de vida não existiria a possibilidade de eu fazer faculdade, porque minha mãe foi mãe solo, diarista a vida inteira, então não estava nos planos, porque o dinheiro era muito curto e etc”, conta Manu. Ela explica que não era o roteiro comum para a realidade dela: “E aí o esporte veio como essa alavanca mesmo, o esporte me deu essa oportunidade”.

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E as fotos não mentem, um passado repleto de esporte e conquistas. Fotos: arquivo pessoal

Para Manu, a união do esporte com o estudo é o cenário perfeito. “Se a gente pudesse começar isso na base, a gente teria uma geração vencedora, sem dúvida nenhuma”, reforça ela. E com ela foi exatamente assim; ela soube, quando ainda estava no Ensino Médio, que poderia fazer uma graduação com bolsa de estudo por conta do esporte. A Manu de 16 anos jogava bola em um clube de Brasília, e em um dos campeonatos da modalidade, ouviu do seu treinador: “Quando você terminar de estudar pode continuar jogando que a gente vai conseguir uma bolsa pra você”, relembra ela.

E como o combinado não sai caro, ela conseguiu a bolsa de estudo e seguiu jogando e estudando pela sua faculdade, competindo em Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), na Copa Brasil Universitária De Futebol Feminino (CBUFF), até chegar na tão sonhada Universíade, hoje chamada de Jogos Mundiais Universitários. E como se não bastasse participar da edição de 2001, em Pequim, na China, a Manu também foi campeã do futebol feminino, junto com o time brasileiro.

– Eu tenho a memória, eu não lembro se foi o primeiro (que eu participei), mas um dos primeiros com certeza, que foi o JUBs em Goiânia. Tudo muito legal, e eu achando que estava nas Olimpíadas, mesmo. Muita motivação né, felicidade em participar de um evento tão grande, com muitos atletas, gente de todo o Brasil. E é muito legal essa identidade que a gente leva da cidade, essa interação. Hoje é outro cenário, mas a máxima, o sentimento é o mesmo, de você poder levar a sua cidade pra uma competição, interagir com outras cidades, isso é muito legal. Ver outros atletas, saber que as histórias são parecidas, que outras cidades vivem a mesma expectativa de ir pra uma competição grande – conta Manu.

Hoje, após concluir a graduação, a Manu continua envolvida com o esporte universitário, como vice-presidente financeira da Federação de Esportes Universitários do Distrito Federal (FESU). “É muito bacana porque eu posso colocar a minha contribuição”, destaca. Ela explica que é como um ciclo: “O esporte universitário me deu a chance de estudar e jogar, e aí depois eu inverti, agora eu dou o meu conhecimento pra vocês”. Já desse outro lado do esporte universitário, ela participou de outras edições do JUBs, e faz um balanço do cenário como um todo:

– Essa interação é muito legal, e você vê o quanto que o atleta universitário mudou de patamar. Sempre existiu um sonho muito grande de todo mundo, uma vontade muito grande de fazer acontecer, mas há 15 anos o nível técnico era diferente. Hoje a gente vê os atletas universitários muito mais bem preparados, a gente vê uma outra pegada mesmo, tecnicamente um outro nível de competição. E eu fico muito feliz com isso, porque a gente não só evoluiu como federação e confederação, no quesito organização e profissionalismo do evento, como os atletas também se motivaram e alcançaram, estão buscando esse nível mais alto. E isso é o mais bacana de ver, todo mundo evoluindo junto – destaca Manu.

E com o JUBs Brasília 2021 cada vez mais próximo, a expectativa de viver tudo novamente é grande! “Desejo que os atletas realmente se dediquem. Parece clichê, mas não tem outro caminho não. Se dedicar mesmo ao que ama fazer, e fazer com carinho”, reflete Manu. “Porque as vezes a gente não consegue um objetivo, as vezes muitas pessoas não conseguem ser profissionais do esporte, mas assim como eu podem contribuir com o esporte depois de formada, seguindo suas profissões, que é também uma delícia, é bom demais”, finaliza.

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