[#HeroisReais] Do hobbie a paixão, quando o esporte vira o centro das atenções

Talita Alves Carneiro encontrou o esporte aos 11 anos. Conheceu o handebol e o futsal em um Jogos Escolares pela escola em que estudava, a José Maria da Fonseca, em Ponte Nova – MG, sua cidade natal. Preferiu a bola na mão e se interessou pela modalidade handebol. Por conta da pouca idade, a mini atleta não levava o esporte muito a sério, mas admite que sempre foi fominha: “não gosto de perder nem no par ou ímpar”, conta. Com o tempo, começou a se sair bem e se sentir bem dentro das quadras.

Talita com 3 anos ao lado de seus pais, José Carlos e Adenilza. Foto: Arquivo Pessoal.

Talita é filha única e sempre teve uma relação muito próxima com os pais, o que fez com que eles tivessem um pouco de medo no início da carreira dela, apreensivos de que o esporte pudesse leva-la para longe. Ainda assim, entre tantos medos e incertezas em sua jornada como estudante-atleta, a mineira sempre teve a segurança em saber que mesmo se nada desse certo, seus pais seriam seu refúgio e estariam ao seu lado. Quando ela se sentia sobrecarregada, ligava para eles e o diálogo e o carinho, a reconfortava. “Isso me aliviava”, relata Talita.

Hoje, mesmo há 12 anos como atleta, algumas coisas continuam iguais. “Agora que mudei de time eles sempre falam pra mim ‘eu quero você feliz’”, descreve. Com a evolução na modalidade, ela conheceu novos lugares, novas pessoas e se encantou com as oportunidades que o esporte oferece. Ganhou bolsas de estudo e fez do handebol sua paixão, “me trazia sensações maravilhosas”, afirma. A armadora esquerda conta que se deu conta de que queria competir para valer quando passou a treinar todos os dias e querer mais.

Talita em quadra. Foto: Arquivo Pessoal.

Apaixonada pela modalidade que escolheu para vida, Talita revela que quando está prestes a entrar em quadra, até hoje, a sensação é de frio na barriga e um certo nervosismo pré-jogo. “O importante é nunca perder esse frio na barriga, se não, já não tem mais sentido”, garante. Criada com princípios de fé e, como toda e qualquer ajuda é bem-vinda, antes de todo jogo a atleta pede proteção a Deus, para seu time e também o adversário. “Sempre convido Ele para entrar em quadra comigo”, explica. Atualmente atleta do UNIP São Bernardo, a camisa 23 esclarece que não pede vitória porque seria injusto. Pede apenas a oportunidade de dar o seu melhor, “a vitória é consequência de trabalho”, pontua.

O importante é nunca perder esse frio na barriga, se não, já não tem mais sentido.

Talita formou-se em Fisioterapia, em 2019, pela Universidade do Contestado, em Concórdia – SC, e relembra da época da graduação, quando se revezava entre a vida de atleta e a de universitária. “Não era fácil. Ainda mais no último ano da faculdade, tem que ter muita disciplina”, explica. Para facilitar o dia a dia, a atleta deixava tudo pronto e contava com acompanhamento nutricional, esportivo e médico.

Para ela, o maior desafio da dupla jornada de um estudante-atleta, é conciliar a faculdade, com os treinos de academia, os treinos de quadra e a fisioterapia. “Tudo muito corrido, desafiador e desgastante. Mas no final sempre dá certo”, relata. Nesse processo, a atleta comenta com carinho da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU): “a CBDU é muito organizada com datas, pois já lança o calendário e posso me programar com faltas o ano todo”.

Talita em quadra. Foto: Arquivo Pessoal.

Em qualquer esporte, o praticante está sujeito a um trauma. No entanto, nenhum deles espera que aconteça consigo. No meio da sua jornada como atleta, uma surpresa: um rompimento de ligamento, mais precisamente o cruzado anterior. “Quando eu senti que eu cai, que meu joelho virou, eu comecei a chorar”, relembra Talita. Em 2017, a atleta precisou ficar parada por 6 meses por conta da lesão. Passado o tempo de recuperação, Talita voltou a treinar e prometeu se cuidar mais. Se dedicou mais aos treinos e aprendeu na marra, que descanso também é treino. “Essa lesão veio para provar que eu sou forte”, afirma.

Atualmente com 23 anos, Talita tem uma bagagem esportiva de dar inveja a qualquer um. Quando na seleção brasileira, categorias juvenil e júnior, participou de Pan-americanos e dois Mundiais: Macedônia em 2014 e Rússia 2016. Ainda em 2014 também participou das Olimpíadas da Juventude, em Nanjing – China. No meio universitário, Talita já passou por 5 JUBs, dos quais foi campeã em 4. Em 2018 foi para Rijeka, na Croácia, para o Mundial Universitário e trouxe para casa a medalha de prata.

Talita em quadra. Foto: Arquivo Pessoal.

Depois de tantos desafios, dentro e fora das quadras, Talita continua travando batalhas consigo mesma. “Não são só medalhas externas, mas as internas”, conta. Por tudo o que já passou, o que passa e pelo que ainda está por vir, considera-se uma heroína da vida real. “Acho que todo mundo é herói porque cada um tem uma luta interna sabe?! Mas enquanto atleta, é por vencer as dores, talvez o cansaço e por fazer sempre o treino repetitivo. Se esgotar, sentir dores intensas e corridas intensas. E por que fazemos isso? Porque cada atleta tem algo dentro de si que faz querer fazer mais. Vencer o seu próprio eu todo dia”, finaliza.

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