O ESPORTE COMO A PORTA DE ENTRADA PARA UM FUTURO PROMISSOR

O esporte como a porta de entrada para um futuro promissor

Atletas universitárias relatam como o esporte mudou o caminho de cada uma e as possibilidades encontradas para crescerem pessoal e profissionalmente

Por Manoela Messias – Programa Jovens Jornalistas

UNINASSAU-PE é uma das universidades brasileiras que mais investem no esporte. Foto: Be Nice Films

Não é novidade para ninguém que nem todos os universitários brasileiros têm condições de manter os estudos, especialmente em universidades particulares, por isso, muitas dessas vezes, estudantes que objetivam uma profissão dependem de bolsas estudantis, sejam integrais ou parciais. E uma das portas de entrada para esse sucesso profissional é a prática do esporte. É isso que muitas universidades brasileiras vem mostrando na 65º edição dos Jogos Universitários Brasileiros, que este ano está sendo realizada em Goiás.

A prática esportiva contribui para o desenvolvimento profissional e pessoal de diversos jovens e adultos que, se não fosse esta oportunidade, não teriam condições de concluir um ensino superior. Cecília Menezes de Souza, que atualmente cursa administração na Universidade Paulista (UNIP) de São Paulo, concilia a rotina de estudos com a de jogadora de vôlei pelo time da casa. Ciça, como é mais conhecida, nasceu e foi criada no Rio de Janeiro, na Cidade de Deus, e foi no esporte, aos 13 anos, que ela viu um futuro promissor.

“Eu comecei no atletismo por incentivo de amigos e familiares, por eu ser muito grande para o padrão de um criança da minha idade. Decidi começar no atletismo mesmo, mas descobri que correr não era muito a minha praia, e foi aí que decidi tentar o vôlei, onde fui muito trabalhada para chegar onde estou hoje. Foi dentro de quadra que eu me encontrei, por assim dizer”, conta a jogadora.

Vinda de uma família de cinco irmãos, Ciça é a mais velha e conta que não teve a figura paterna em sua criação, por isso, sabe como foi a luta da mãe para criar os filhos sozinha. As dificuldades em casa não foram barreira para que ela realizasse seus sonhos. Com o esporte, a atleta já conseguiu concluir uma graduação, em Recursos Humanos, e agora está prestes a receber o segundo diploma universitário. Ao fazer uma análise da sua trajetória de vida, a jogadora se diz orgulhosa e não se arrepende da escolha feita enquanto adolescente.

“A Cecília de hoje quem fez foi o esporte, especialmente o voleibol, onde comecei minha carreira. Foi nele que pude construir minha vida e minha família. Hoje vejo que muitos dos meus amigos da Cidade de Deus seguiram por caminhos errados, por isso, em nenhum momento me arrependo de ter optado por seguir a vida de esportista, pelo contrário, tenho imenso orgulho de quem me tornei e de como cheguei até aqui”, relata a camisa 3 da UNIP, que já foi jogadora de grandes equipes nacionais e da Seleção Brasileira feminina.

Cássia Cristina Neves (27), que coincidentemente também usa a camisa 3 no time vôlei da Universidade Maurício de Nassau (Uninassau) de Pernambuco, também encontrou no esporte a sua motivação para seguir um caminho diferente. A jovem também iniciou a vida esportiva aos 13 anos, mas, diferente de Ciça, Cássia se inspirou na irmã, que também foi jogadora profissional, para seguir o caminho esportivo. “Como a minha irmã era jogadora, muitos também acreditavam no meu potencial, por ter altura e perfil de atleta. Na época, eu praticava outra modalidade na escola, o handebol, até que aos 13 anos recebi um convite para um teste no time de uma escola que era melhor que a minha, passei e foi aí que ingressei neste caminho”, revela.

O amor pelo vôlei fez com que a estudante de educação física chegasse onde está hoje e é na prática deste esporte que ela encontra inspiração para estudar e manter o foco no futuro profissional que está por vir. “Eu digo que o voleibol hoje é a minha vida, toda vez que entro em quadra eu entro com amor e com garra”, conta.

Nascida em Recife (PE), caçula de 3 irmãos e filha de uma doméstica e um pedreiro, Cássia não esconde que passou por inúmeras dificuldades familiares e nem por isso deixou-se abater. “Hoje eu lhe digo que foi o voleibol que me tirou das ruas e me deu a chance de crescer pessoal e profissionalmente. Estou lutando diariamente para ser uma profissional e na Uninassau eu encontrei esta oportunidade de poder jogar, que é algo que faço com muito amor, e de fazer um curso universitário”, diz a futura professora esportiva.

Mas todas essas conquistas não são obtidas sem ajuda. Por trás de tudo isso existem pessoas que caminham ao lado de jovens com histórias como a de Ciça e Cássia, os treinadores. São eles que ensinam essas atletas a terem garra, confiança e determinação para superarem os desafios e manter a cabeça erguida, afinal, a vida também é um jogo em que um dia se ganha e no outro se perde.

“Hoje, no time da Uninassau, mais de 90% das atletas possuem bolsa para cursar o ensino superior e, em Pernambuco, apenas a nossa universidade oferece esta oportunidade aos estudantes. Creio que investir no esporte é investir no ser humano como um todo, afinal, elas estão desenhando seu futuro profissional, seja na carreira esportiva ou não”, afirma o treinador da equipe de voleibol da Uninassau, Adalberto Cardoso.

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