Brasileiras que fizeram história – Cristiana Lobo

O segundo capítulo da série Brasileiras Que Fizeram História, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, traz como protagonista a ex-atleta olímpica de nado artístico, Cristiana Silveira Lobo – que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Após encerrar sua carreira como atleta, Cristiana deu início a uma trajetória tão difícil quanto a do alto rendimento e, assim, como o esporte, marcada por um ambiente predominantemente masculino: a gestão esportiva.

Cristiana explica que em sua época como atleta, o nado artístico era exclusivamente praticado por mulheres, e somente a partir da primeira década do século XXI é que os homens passaram a fazer parte das competições oficiais. “Justamente por ser uma modalidade apenas feminina, foi necessária muita luta para garantir investimentos e apoio para a modalidade”, esclarece. Segundo Cristiana, ainda hoje existe uma luta por respeito e estrutura mínima de trabalho. Como gestora, ela afirma que o cenário não é diferente: “Muitas vezes é necessário provar nossa capacidade e demonstrar com nossas ações e resultados, que lugar de mulher é onde ele quiser. Cansativo”, reforça Lobo.

Enquanto gestora, Cristiana já trabalhou na Câmara Municipal do Rio de Janeiro; como coordenadora dos trabalhos das Comissões Especiais do Pan 2007, Rio 2016, Copa do Mundo de 2014, e também da Comissão Permanente de Esportes. Também passou pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), como responsável pelo gerenciamento da Educação para a Sustentabilidade dos Jogos Escolares da Juventude, e do planejamento, contratação e execução, dos serviços de alimentação e descarte responsável de resíduos na instalação do Time Brasil, durante a Rio 2016.

Visando a maior representatividade feminina em posições de poder dentro do âmbito esportivo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou às suas instituições subordinadas – como comitês olímpicos nacionais e federações esportivas – uma maior participação de mulheres em seus órgãos executivos; em cargos de liderança e administração. A proposta era que até 2005, as instituições apresentassem 20% de mulheres nessas posições, no entanto, a meta não foi alcançada. Uma pesquisa de 2018* mostrou que, entre os 222 cargos de diretorias nas federações de futebol dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal, apenas 8% eram ocupados por pessoas do gênero feminino. Em 62% dos estados não foi identificada a presença de nenhuma mulher.

Diante desse cenário, Cristiana destaca que a representatividade feminina está crescendo, mas ainda longe de alcançar a igualdade plena. “Identificar este retrato masculino e machista do esporte no Brasil é o primeiro passo para mudar e reverter esta triste realidade. Mas é triste verificar que, a esta altura do campeonato, ainda temos que brigar por isso”, reforça a ex-atleta. Para aquelas que tem a gestão esportiva como objetivo, Cristiana deixa um conselho: “Acredite no seu potencial e siga em frente sem perder de vista que ainda há um longo caminho a ser percorrido”, finaliza.

Após sair do COB, Cristiana começou a trabalhar na Subsecretaria do Legado Olímpico, sendo responsável pelo gerenciamento dos eventos realizados na Arena Carioca 3, Vila Olímpica e Parque Radical de Deodoro. Ao todo, já realizou mais de 15 eventos nacionais e internacionais.  

* Pesquisa realizada por Thaís Camargo Zanatta, Daiane Miranda de Freitas, Filipe Gomide Carelli e Israel Teoldo da Costa, sobre o perfil do gestor esportivo brasileiro.

Confira o primeiro capítulo da série Brasileiras Que Fizeram História AQUI.

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