Brasiliense em Lucerna 2021: Arthur Casado compete na patinação artística no gelo

Natural da capital federal, Brasília, Arthur Casado é mais um dos representantes do Brasil na Universíade de Inverno de Lucerna 2021. O atleta, também estudante de turismo na Universidade de Brasília (UnB), sabia desde pequeno que queria a patinação para sua vida, e a falta de gelo nunca foi um empecilho. Ele começou na patinação em rodas quando tinha apenas 3 anos de idade, participou de campeonatos nacionais, mundiais, mas sempre buscando só uma coisa: o gelo. Conheça mais da história do atleta abaixo:

Confederação Brasileira do Desporto Universitário: Então você começou nas rodas. Mas e o gelo, quando ele aparece na sua vida?

Arthur Casado: Em 2014, fui para o primeiro mundial de rodas, na Espanha. Minha mãe disse que poderíamos ir pra Rússia, para conhecer o gelo e o Plushenko, russo bicampeão olímpico. Daí comecei a estudar russo, me alfabetizei sozinho. Chegando lá, ele ainda não era treinador, mas mesmo assim eu patinei no gelo lá, que foi meu primeiro contato com a patinação no gelo. Fiquei lá por 15 dias e eu patinei da escola onde o Plushenko começou a carreira. Em 2016, fui para o meu terceiro mundial de rodas e vi que dava pra ir até a Rússia novamente. Fui lá para treinar com uma moça que eu tinha conhecido em 2014, mas o treinamento teve que acabar porque meu dinheiro tinha acabado. No final, voltei antes para o Brasil, mas ainda competia nas rodas. Eu sempre preferi gelo, mas sempre competi nas rodas para quebrar o galho.

CBDU: E você seguiu conciliando os dois estilos de patinação sempre?

AC: Não! Em 2017, eu decidi parar de competir na patinação de rodas e mudar definitivamente para o gelo. No ano seguinte, competi pela primeira vez o brasileiro de gelo, em Gramado. Eu tinha uma noção básica do que era, mas tinha dois anos que não pisava no gelo. Eu sou corajoso e mesmo sem prática resolvi ir. Fiz as coreografias, mas a pista era muito pequena, e acabei ficando em 3º. Em 2019 eu não consegui competir porque eu priorizei meus treinamentos na Rússia.

CBDU: Então hoje em Brasília você não treina no gelo, certo?

AC: Não treino no gelo. O jeito que eu dou é treinar nos patins in line, que simulam o gelo, então eu tenho uma leve sensação de gelo. Não é total, toda vez que eu volto pro gelo, eu tenho que me adaptar. Eu estou indo treinar na de Canoas, que é uma pista muito boa do Grupo Multiplan e o administrador da pista está me dando treinamento em troca de divulgação.

CBDU: No Brasil, quais são seus planos de futuro?

AC: Eu não tenho planos de mudar do Brasil, amo aqui e quero continuar por aqui. Quando vou a Rússia, passo de um a dois meses lá. Então meu sonho, enquanto um brasiliense orgulhoso, é abrir uma pista de gelo oficial aqui em Brasília. Não é um sonho ridículo porque eu já tenho um projeto, com todas as medidas, orçamento, o payback, então um dia eu vou abrir… Só que é aquela coisa, eu preciso de 5 milhões para abrir. Eu trouxe o projeto da Rússia todo pronto. É um projeto completo, sabe?

CBDU: Como estão suas expectativas para Lucerne 2021?

AC: Estão boas, e ao mesmo tempo muito tranquilas. Eu fiz um trabalho psicológico muito forte com um camarada meu alemão que é mental coach para tirar qualquer tipo de bloqueio mental que eu possa ter na hora, medo, ansiedade.. porque eu vou te confessar, sabe, eu estava um pouco nervoso porque é a minha maior competição até então, de gelo e da vida né, é uma Universíade, é um mundial universitário. E representar o Brasil num esporte de inverno, mesmo que seja um país sem expectativa, acaba que tem um peso, o pessoal já desacredita na gente; é inevitável. Então eu estava criando umas expectativas ruins para mim mesmo, de “ah, vou querer provar que o Brasil é forte, que o Brasil é bom”, mas antes de qualquer coisa eu já estou fazendo o meu melhor e eu estou indo lá para mostrar esse meu melhor. Inclusive eu queria agradecer a CBDU, que está viabilizando a viagem [até Lucerna]. Se não fosse a CBDU eu não iria conseguir ir.

CBDU: Quais as maiores dificuldades que já enfrentou na modalidade?

AC: Por ser brasileiro, eu acho que a maior dificuldade não é nem a falta de gelo, é, com todo respeito, o desenvolvimento técnico nacional, o fato do Brasil ser um país novo nesse esporte. As pessoas veem a patinação de gelo no Brasil como um lazer, e não como uma prática profissional e séria.

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