Rodrigo Peres, o titã do tempo

Por Thiago Freitas

O tempo é um dos grandes inimigos da humanidade. Dos atletas e dos universitários, talvez mais ainda. O tempo de treinamento, o tempo para a formatura, o tempo de cada partida, o tempo de cada volta, a idade mínima para entrar em competições, a idade em que o corpo começa a dar seus primeiros sinais de alerta. Tempo. Quando chegou a mim a notícia de que um atleta de atletismo, que conheceu o esporte na universidade, foi medalhista, eu sabia que precisava conhecê-lo. Não, mais que isso: eu precisava conhecer a sua história.

Foto: Raissa Fraga / CBDU

Entrei em contato com Rodrigo e, por sorte, já estávamos no mesmo lugar. Em poucos minutos, nos encontramos para uma rápida conversa. Ele ainda estava com sua medalha no peito, mostrando tanto a grandiosidade de seus feitos como a de si próprio. Veja bem: eu meço 1,81m e conversei com ele com a cabeça ligeiramente direcionada para cima. Se isso já nos indica a dimensão desse homem, o que ele me falou depois atesta que eu estava frente a frente com um titã.

Com 24 anos, Rodrigo conquistou sua medalha nos JUBs 2021 e é lógico que eu perguntei se haveria chances de vê-lo na próxima edição. Ele me disse que era bem provável que não, já está quase se formando e só voltaria caso engatasse uma pós-graduação. E, bom, parece que o tempo pode dar uma prorrogação para o Rodrigo. Esperemos.

Nossa conversa fez com que voltássemos ao passado. Falamos sobre o Rodrigo ainda no ensino médio, ainda na época de vestibulando, antes de ser aprovado em Educação Física na Universidade Federal de Uberlândia. O que aquele Rodrigo esperava? A princípio, a perspectiva dele era ser professor em escolas, uma vez que o contato com esportes lhe era natural, já tendo praticado futsal e natação, por exemplo. Cursando bacharel e licenciatura em Educação Física e, mesmo com as perspectivas iniciais, Rodrigo acabou enveredando mais profundamente pelo bacharelado. A primeira grande dúvida surgiu. Até então, o atleta não havia falado sobre sua modalidade. Então, eu perguntei quem escolheu quem. O Rodrigo escolheu o atletismo? Ou o atletismo escolheu o Rodrigo?

“Foi o atletismo que me escolheu!” – ele me respondeu sorrindo por trás da máscara, com a felicidade apertando os olhos.

A história que Rodrigo me conta a partir de então é que ele, goleiro de futsal na época, não poderia fazer a seletiva para o campeonato entre as atléticas de sua universidade, porque estava lesionado. “Eu estava lá de bobeira na seletiva de atletismo, vendo um amigo meu…”, ele disse. Alguém – que não sabemos exatamente quem, mas que somos muito gratos por – perguntou se ele já havia feito arremesso de peso antes. Mesmo dizendo que nunca havia tentado, o mineiro foi convidado para fazer a seletiva. E, como já podemos imaginar, passou. Desde então, ele passou a gostar da modalidade, tanto o arremesso como o atletismo em si. Tempo, novamente. Rodrigo estava no lugar certo, na hora certa. Ali, começavam os caminhos para o titã medalhista que conhecemos.

Ao ser apresentado à sua história no atletismo e testemunhando o tamanho de sua força, não consegui deixar de me imaginar: e se ele fosse Cronos, o titã que manipula o tempo? E se ele pudesse dobrar o tempo, voltar ao passado e aconselhar a si mesmo para que conhecesse o atletismo mais cedo? Decidi compartilhar a pergunta com ele e a resposta foi exata:

“Com certeza eu voltaria! Se eu tivesse essa oportunidade, eu me daria a chance de praticar mais a modalidade, que hoje não é tão difundida na minha cidade”.

Rodrigo, mineiro, me disse que antigamente o centro de treinamento de atletismo era bem forte em Uberlândia. Um dos principais nomes do arremesso de peso no Brasil, Darlan Romani, treinou em Uberlândia em um momento de sua carreira. Tempo. Na possibilidade de não tê-lo como atleta nas próximas edições do JUBs e resgatando a memória de fortes tempos em Uberlândia, conversamos sobre Rodrigo ser alguém que impulsione o esporte em sua cidade. Felizmente, ele me contou que já fez curso de treinador pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e que pretende sim ser um motivador do esporte futuramente como treinador.

Nossa conversa terminou na certeza de que esse titã continuará dobrando o tempo, mas não para retornar ao passado, mas para moldar o futuro. Rodrigo ainda será visto pelos campos de atletismo nos próximos anos, seja competindo ou treinando. Eu me despedi da força que enfrentou o tempo, viu que ainda não era tarde para aceitar novos desafios e garantir novas conquistas.

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