Brasileiras que fizeram história – Rosicleia Campos

O judô entrou na vida dela ainda na infância, quando tinha 10 anos. Após construir uma carreira como atleta e representar o Brasil em duas edições dos Jogos Olímpicos de Verão – Barcelona 1992 e Atlanta 1996, decidiu manter o trabalho na área esportiva e virou técnica da modalidade. Em 2001, assumiu o cargo de técnica principal da Seleção Brasileira Feminina Juvenil de judô e, em 2005, deu início ao comando da Seleção Feminina Adulta, onde permanece até hoje. Rosicleia Campos é a personagem do penúltimo capítulo da série Brasileiras que Fizeram História, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

A ex-atleta voltou aos Jogos Olímpicos e, como técnica, escreveu um novo capítulo de sua trajetória; além de também contribuir para a construção do esporte feminino no Brasil como um todo. Já como técnica da seleção principal, empurrou a piauiense Sarah Menezes rumo ao ouro olímpico nos Jogos de Londres 2012 – conquista que deu a Sarah o título de primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha de ouro no judô em Olimpíadas. Em 2013, estava ao lado de Rafaela Silva, na vitória do Campeonato Mundial da modalidade e, em 2014, repetiu o feito com a atleta Mayra Aguiar. Sempre em busca de mais, na Rio 2016, brilhou junto com Rafaela Silva novamente; na conquista do ouro olímpico.

“A paixão pelo esporte me acompanha desde a minha infância, até os dias atuais. Minha carreira foi construída no judô, para o judô e do judô, através de capacitações em diferentes especialidades para que meus objetivos fossem alcançados. Em 40 anos dedicados ao esporte, desde meus primeiros passos até a chegada ao alto rendimento, posso afirmar que adquiri conhecimentos, competências, experiências e qualidades necessárias para ser uma mulher bem sucedida como atleta, treinadora e gestora. As oportunidades de conviver com profissionais referenciados, dentro e fora do Brasil, foram fundamentais para que eu pudesse enfrentar os desafios de ser uma mulher em um esporte em que somos minoria, e que precisamos lidar com as adversidades de forma habilidosa e criativa, para ocupar espaços e contribuir para que mais mulheres se sintam representadas no judô e nos esportes de maneira geral”, explica Rosicleia.

Além de romper barreiras como atleta em uma modalidade historicamente tida como masculina, Rosicleia também desafia o sistema enquanto técnica. Um estudo realizado em 2013 pelo pesquisador Heidi Jancer Ferreira, sobre a baixa representatividade feminina no cargo, mostrou que apenas 7% dos técnicos esportivos no Brasil são mulheres – em um total de 259 federações esportivas de 22 modalidades. Entre as federações estudadas, 71,4% não possuem mulheres registradas como técnicas. Ela afirma que sua força para permanecer no esporte, mesmo diante de tantos desafios, está no reconhecimento e na confiança da comunidade esportiva: “Diante desta realidade, ser uma mulher, judoca, técnica, gestora, mãe, compõe, para mim, um cenário de sucesso. Para chegar até aqui, passei por muitos preconceitos e superei com trabalho sério e fundamentado”, destaca.

Para somar ainda mais ao seu currículo, Rosicleia recebeu em 2011, o Prêmio Brasil Olímpico – como melhor técnica do país e, em 2014; o 6º Dan, em reconhecimento ao seu trabalho como técnica, posto que dá o direito a utilizar a faixa vermelha e branca, honraria concedida a poucos brasileiros. Para aquelas que um dia sonham em seguir na carreira esportiva, Rosicleia é direta: “Jamais desistam de seus sonhos. “Se capacitem, estudem, tenham base e propriedade em tudo que falam e fazem. Precisamos, nós mulheres, lutar por ocupação de espaço de decisão. Só assim conseguiremos nos fortalecer”, finaliza ela.

Confira os demais capítulos da série Brasileiras que Fizeram História:

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