Brasileiras que fizeram história – Edênia Garcia

Já estamos no terceiro capítulo da série Brasileiras Que Fizeram História, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher! Desta vez, com a paratleta Edênia Garcia como protagonista. Natural do interior do Ceará, a nadadora (classes S3, SB2 e SM3) passou a infância e a adolescência em Natal, no Rio Grande do Norte, e há alguns anos vive em São Paulo.

Edênia faz parte da Seleção de Natação Paralímpica desde 2001, e já representou o Brasil em quatro edições de Jogos Paralímpicos – Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016 –, e em sete mundiais da modalidade: Mar Del Plata 2002, Durban 2006, Eindhoven 2010, Montreal 20013, Glasgow 2015, México 2017 e Londres 2019. Sobre a representatividade feminina no cenário paralímpico, ela afirma que há um movimento do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para abordagem do tema nos canais de comunicação da entidade, como redes sociais, site, lives e outros; com o objetivo de difundir Brasil a fora a trajetória de atletas paralímpicas.

“Essa é uma ação que acaba trazendo outros olhares – externos –, para dentro do movimento paralímpico; de outras meninas que estejam procurando alguma coisa dentro desse movimento, do esporte. Então eu acredito que essa ação faça com que a gente tenha um incentivo para essas meninas. Incentivo no sentido de: ‘olha, aqui você tem um ambiente no qual você tem outras atletas, que estão aqui para te representar, fazendo a mesma coisa que talvez você possa fazer”, exemplifica a atleta.

Durante sua trajetória como atleta, Edênia conta que já passou por situações constrangedoras, até mesmo envolvendo sua sexualidade: “Em 2016 eu raspei um lado do cabelo e cortei bem curto, estilo ‘joãozinho’, e eu fui muito questionada se eu tinha ido ‘para o lado de lá’”. Ela relembra que escutava ‘piadas’ sobre sua orientação sexual, e era interrogada sobre ter virado lésbica ou não. “Eu fui muito atacada por isso dentro do meu ambiente, por colegas que estavam ali ao meu redor. Então foi bem difícil esse momento, porque hoje eu me identifico como lésbica, mas naquele momento eu não tinha aberto isso ainda, não tinha certeza de qual momento seria viável para falar sobre isso. Eu me senti muito constrangida, colocada contra a parede para dizer o que eu sou, o que eu não sou. Me rotularam muito por um simples corte de cabelo e isso foi algo que me impactou muito na época”, esclarece a atleta.

Apesar dos preconceitos sofridos; por ser mulher, lésbica e pessoa com deficiência, Edênia deixou sua marca no ambiente esportivo e hoje é referência. Foi a primeira atleta brasileira, entre as olímpicas e paralímpicas, a conquistar um tricampeonato mundial e, em 2019, no Mundial de Natação em Londres, alcançou outra conquista inédita ao se tornar tetracampeã mundial – título que nenhuma outra brasileira ainda tem. “É muito gratificante quando você chega em uma fase da sua carreira que você passa a ser referência. Eu demorei muito tempo pra assimilar tudo isso; o peso de ser essa referência, de ter essa responsabilidade. Mas eu me sinto feliz e muito grata por ter chegado até esse momento”, relata. Durante sua carreira, ela já soma 17 medalhas em campeonatos mundiais: 5 ouros, 9 pratas e 4 bronzes, e 3 em paralímpiadas; 2 de prata e 1 de bronze.

A atleta mais longeva da equipe de natação paralímpica do Brasil, já garantiu sua vaga para os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, e deixa seu recado para as meninas que sonham em um dia ser atletas: “A dica que eu posso dar é que elas persistam, que sejam autenticas e que não tenham medo de perder a feminilidade ou se perder. Que isso não seja um impasse para elas. Nós mulheres temos uma força que até a gente desconhece, então que elas insistam e sejam o que elas quiserem ser”, finaliza Edênia.

Confira o primeiro capítulo da série Brasileiras Que Fizeram História, sobre a Amandinha – AQUI, e o segundo, sobre a Cristiana Lobo – AQUI.


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